Resenha | A casa das marés, de Jojo Moyes

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Escritora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 476
Sinopse: "Na década de 1950, uma cidade litorânea chamada Merham é dominada por uma série de austeras regras sociais. Lottie Swift, acolhida durante a guerra e criada pela respeitável família Holden, ama viver ali, mas Celia, a filha legítima do casal, não vê a hora de ultrapassar os limites da cidade.
Quando um excêntrico grupo de artistas se muda para Arcádia, a velha mansão art déco construída de frente para o mar, as meninas não resistem à tentação de se aproximarem deles. Mas o choque para os moradores de Merham é inevitável e acaba por desencadear uma série de acontecimentos que terão consequências trágicas e duradouras para todos.
Quase cinquenta anos depois, no início do século 21, Arcádia começa a ser restaurada, voltando à vida e, mais uma vez, trazendo à tona intensas emoções. E a magia que permeia a mansão faz com que os personagens confrontem suas lembranças e se perguntem: É possível deixar nosso passado para trás?
"Eu soube desde o primeiro momento em que o vi; o seu rosto me era tão familiar quanto o meu próprio nome. Era o rosto que haveria de me levar para longe da minha família, que iria me amar, me adorar, ter filhos comigo. Era o rosto que eu haveria de contemplar, sem palavras, enquanto ele repetisse os votos em nosso casamento. O seu rosto seria a primeira coisa que eu veria pela manhã e a última no doce suspiro da noite." (pág. 09) 

O livro é narrado em terceira pessoa e é dividido em três partes: a primeira narra a história da família Holden - principalmente Celia e Lottie; a segunda narra a vida de Daniel, Jones e em destaque, de Daisy e sua filha Ellie; a terceira e última é a mistura da atual história com o passado de alguns personagens.
"Era sempre muito prestativa, organizada e normalmente educada, mas, por outro lado, poderia ser terrivelmente impaciente com as pessoas. Indelicada o suficiente para ser considerada grosseira." (pág. 58)
Parte um: é quando conhecemos os personagens que dão vida a história. Lottie sentia-se uma intrusa na família Holden - pois seus pais a abandonaram -, mas, ao mesmo tempo, tratava Celia como irmã e o senhor e senhora Holden como pais. Existiam também as pessoas que moravam na Arcádia - onde a senhora Holden dizia que era proibido. Mesmo assim, Celia aventurou-se em "território inimigo" e foi mandada para um curso em Londres, onde conheceu Guy. Quando retornaram para Merhan, onde Celia vivia, já estavam noivos.
"Querida, minha querida Lottie. Não existe absolutamente mais nada que eu precise saber sobre você. Apenas que você foi feita para mim. Nós nos encaixamos, não é mesmo? Como luvas." (pág. 168)
Parte dois: a história acontece quase cinquenta anos depois contando sobre o término entre Daisy e Daniel, logo após o nascimento de Ellie. Mesmo depois de uma pequena depressão, Daisy continuou com seu projeto inicial: decorar um novo hotel em Merhan. Nisso ela conheceu pessoas incríveis como Camille, Hal, senhor e senhora Bernard e o seu chefe Jones. Jamais descreveria como "amor à primeira vista", mas houve uma "ligação".
"- Eu simplesmente acredito que, as vezes, o destino tem um futuro reservado para nós, algo que não podemos imaginar. E para torná-lo viável precisamos continuar acreditando que coisas boas estão por vir. 
- (...) Uma grande besteira. As coisas não estão fadadas a acontecer. As pessoas, os acontecimentos, tudo simplesmente colide, de maneira acidental, e então a vida continua e nós ficamos para trás, tentando arrumar a bagunça que sobrou." (pág. 180)
Daisey era completamente grata por ter a senhora Bernard ao seu lado. Conforme as obras estavam em andamento, ela ajudara Daisy a tomar conta da pequena Ellie. E em uma dessas ocasiões, houve a revelação: a senhora Bernard chamava-se Lottie.


Parte três: já com as obras do hotel iniciada e Lottie ter confiado o seu passado para Daisy, ela acaba descobrindo um mural por trás de toda pintura e decide expor, trazendo todas as lembranças de Lottie.
"Eu sabia que nada voltaria a ser como antes. E por mais que a gente pense que deseja uma coisa, quando ela acaba acontecendo de verdade parece assustadoramente definitiva." (pág. 336)
Eu adoraria descrever muitos detalhes da última parte - que, afinal, tornou-se a minha favorita -, mas, se eu descrever, seria spoilers sem fim pois é nessa parte que descobrimos a "conexão" entre os anos 1950 e a década 21, onde graças a descoberta na reforma, traz uma avalanche de acontecimentos, sentimentos e culpa.
"Não posso me permitir me apaixonar por ninguém. É doloroso demais, complicado demais. Estava quase curada. (...) Agora, era como se as feridas estivessem todas abertas novamente." (pág. 380)
Mesmo com tudo, ainda senti falta de alguns personagens e o que realmente aconteceu com eles durante esses anos. Um livro com 476 páginas bem detalhadas, mas que mesmo com essa riqueza, acredito que alguns personagens secundários ficaram um pouco de fora das explicações finais.
"Quando é impossível fazer alguém feliz, independentemente do que você faça, acho que a melhor coisa é admitir que não tem mais jeito." (pág. 404)
Eu adoro a escrita da Jojo, mas com capítulos grandes, acaba deixando uma leitura cansativa. Mas, independente de tudo, gostei de como os personagens principais terminaram. Não esperava um final diferente para nenhum deles.
"Às vezes, quanto menos atenção damos a um problema, melhor. Causa menos estragos." (pág. 475)
Avaliação: ♥ ♥ 

Postar um comentário